Hey, man!

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Atenciosamente: SoD


5 de set. de 2010

Eu venho em paz! Levem-me ao seu lagarto!

Bom dia, tarde, noite, pessoal!
Depois de um Phoenix Down, voltei para compartilhar um trecho muito bom do livro "Até Mais e Obrigado Pelos Peixes", o quarto da série "O Guia do Mochileiro das Galáxias".
Todo mundo que me conhece, sabe o quanto eu admiro a obra e tento divulgá-la, fazendo o pessoal assistir ao filme e/ou ler a série de livros. Consegui alguns seguidores que já andam com suas toalhas por ai.
Como é ano eleitoral, resolvi postar um texto que, mesmo tendo sido escrito na década de 70, continua atual. É sobre uma raça onde mesmo tendo a democracia como forma de governo, elegem os piores seres para serem seus governantes... Como são idiotas, não é? Segue o texto e os devidos créditos.
(...)
O disco voador desceu com um magnífico desdém por qualquer coisa que pudesse estar abaixo dele e esmagou uma extensa área de algumas das propriedades mais caras do mundo, incluindo uma boa parte da loja Harrods.
A coisa era enorme, com quase dois quilômetros de extensão, prateada, esburacada, chamuscada e desfigurada com as cicatrizes de inúmeras batalhas espaciais violentas, lutadas com selvageria à luz de sóis desconhecidos para o homem.
Uma escotilha se abriu demolindo uma seção de gastronomia da Harrods, demoliu a Harvey Nichols e, com um rangido final de arquitetura torturada, derrubou o Sheraton Park Tower.
Após um longo e angustiante momento no qual se ouviram estrondos e resmungos de maquinaria destruída, de lá saiu, descendo pela rampa, um enorme robô prateado, com trinta metros de altura.
Ele fez um gesto, levantando a mão.
- Eu venho em paz - anunciou ele, acrescentando após um longo momento de esforço adicional - levem-me ao seu lagarto.
Ford Prefect, é claro, tinha uma explicação para aquilo tudo, enquanto assistia com Arthur às repetidas reportagens frenéticas na televisão que, por sinal, não tinham nada a dizer, além de anunciar que a coisa tinha causado um prejuízo tal, avaliado em tantos bilhões de libras e que tinha matado aquele outro número completamente diferente de pessoas, e depois repetiam tudo novamente, porque o robô, desde então, estava prostrado, balançando levemente o corpo e emitindo pequenas mensagens de erro incompreensíveis.
- Ele vem de uma democracia muito antiga, sabe...
- Você está querendo dizer que ele vem de um mundo de lagartos?
- Não - respondeu Ford que, àquelas alturas, já estava um pouco mais racional e coerente do que antes, tendo finalmente sido forçado a tomar uma xícara de café -, nada tão trivial. Nada assim tipo isso tão compreensível. No mundo dele, as pessoas são pessoas. Os líderes é que são lagartos. As pessoas odeiam os lagartos e os lagartos governam as pessoas.
- Ué - comentou Arthur -, achei que você tinha tido que era uma democracia.
- Eu disse - afirmou Ford. - E é.
- Então - quis saber Arthur, torcendo para não soar ridiculamente estúpido -, por que as pessoas não se livram dos lagartos?
- Isso sinceramente nunca passou pela cabeça delas - disse Ford. - Como elas têm direito de voto, acabam supondo que o governo que elegeram é mais ou menos parecido com o governo que querem.
- Quer dizer que eles realmente votam nos lagartos?
- Ah, sim - disse Ford, dando de ombros -, é claro.
- Mas - perguntou Arthur, sem medo de ser feliz - por quê?
- Porque, se deixam de votar em um lagarto - explicou Ford -, o lagarto errado pode assumir o poder. Você tem gim?
- O quê?
- Eu perguntei - disse Ford, com um tom crescente de impaciência entranhando-se em sua voz - se você tem gim.
- Vou ver. Conte-me sobre os lagartos.
Ford deu de ombros novamente.
- Algumas pessoas dizem que os lagartos são a melhor coisa que já lhes aconteceu - explicou ele. - Elas estão completamente enganadas, é claro, completa e absolutamente enganadas, mas é preciso que alguém tenha a coragem de dizer isso.
- Mas isso é terrível - disse Arthur.
- Olha, meu camarada - disse Ford -, se eu ganhasse um dólar altairiano cada vez que eu ouvisse um fragmento do Universo olhando para o outro fragmento do Universo e dizendo "Isso é terrível", eu não estaria sentado aqui como um limão procurando por um gim. Mas não ganho e aqui estou. (...)

Até Mais e Obrigado Pelos Peixes - Douglas Adams

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